O que te vem a cabeça quando vês as iniciais MC? Com certeza pensas em Mestre-de-cerimónias. Ela usa as iniciais e adaptou-as a si, ser MC pra ela é ser uma Mulher de Coragem. Para uns é a melhor Rapper do país e para outros é simplesmente uma das melhores. Certeza mesmo é que ela é uma das mais antigas MC´s do Movimento Hip Hop nacional e com 15 anos de carreira mantém-se firme até hoje. Continua a fazer o RAP que lhe apetece com amor e com alma e por isso hoje está no “SPACE”. Ela “É MEMO”…
- Quem é a Girinha?
Uma GUERREIRA
- É assim que te defines?
Na verdade eu tenho o estranho pensamento de que quando as pessoas se definem se limitam. Eu sou humana, as únicas certezas que tenho são: A Mudança e a Morte. Muito do que era ontem, hoje já não sou. Agora imagina tu se me definir?
- Podes pelo menos definir a rapper e não a pessoa?
Estou na batalha faz muitos anos. Nesses anos todos fui uma mutante no Rap, me descobri, me superei e me surpreendi. Como Rapper me tenho explorado bastante e extraído de mim mais diversidade e há quem já me tenha chamado underground, comercial, etc… mas tenho preferido fazer o que me apetece. Foi nas ruas que me tornei Mc, na Mong. Comecei como todo Mc começa, freestyles e o sonho de levar aquilo pra rádio. Era miúda e hoje sou mulher, muitos dizem-me (MC) Mestre de Cerimonia mas hoje me sinto mais (MC) Mulher de Coragem.
- Quando e em que circunstância é que entra para o RAP?
Fins de 98, uns amigos falaram comigo, disseram que eu tinha o perfil que procuravam para o grupo deles. E assim criamos a Rown Squad com o Tuly Mong, Kadaff, Obbie, B Weiser e Guardilha. Foi com esses 5 rapazes que conheci o Rap.
- Numa sociedade altamente conservadora e numa época que era ainda pior, o que a incentivou a aceitar o convite deles?
Eu já ouvia rap, já tinha paixão pelo estilo, fez parte da minha adolescência.
- Onde foi buscar forças para enfrentar o mundo num estilo que já não era bem aceite nem mesmo para os homens?
Na altura era uma rebelde (risos), adolescente, o rap era um escape, uma forma de expressar a minha rebeldia. Confesso. Mas o amor que dediquei ao que fazia me deu forças pra seguir adiante.
- Quais são os problemas que teve que enfrentar em casa, na escola ou mesmo na rua com os próprios rappers?
Na altura que comecei a dropar tava a concluir o médio. Não tive problemas na escola, em casa a princípio a minha mãe se opôs porque pensou que me afetaria como pessoa, mas acabou por ceder. Quanto aos rappers (tirando o pessoal do meu grupo), a princípio travei uma batalha para provar o meu valor. E acredito que eles só perceberam para o que vim quando saí com o som "Cabeça Vazia (A resposta)".
- Qual a situação mais absurda que viveu naquela época?
Não me vem nenhuma a cabeça agora. Lembro só que saiamos da Mong até a Feira Ngoma a pé e voltávamos da mesma forma já a noitinha. E lembro também na altura da musica “cabeça vazia” que tentaram me agredir hahaha
- Entra no RAP numa época em que havia meninas como a Donna Kelly, Afrodith e outras. Qual a influência que qualquer uma delas teve em ti?
Quando entrei elas estavam lá, felizmente havia espaço pra mim também. Respeito-lhes hoje como fiz quando comecei a dropar. Nunca competi com elas porque percebi logo de primeira que por ser um estilo em que os homens eram a maioria, precisávamos partilhar o espacinho que nos cabia. Elas me influenciaram na atitude, na garra, a mascarar o medo de coragem. Com elas aprendi o que nenhum homem saberia me ensinar, pegar a armadura e o escudo e ir pra batalha da forma mais feminina que pudesse.
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